COM A CARA SUJA DE NEGRO
NINGUEM CONSEGUE VER SEU MEDO
COM SUAS BOTAS ROTAS PELO TEMPO
CAMINHA PELAS PEDRAS DA CALÇADA
TRAZENDO NA MEMORIA SUA FAMILIA
TRAZENDO NO CORAÇÃO SUA SOLIDÃO
NOS CAIXOTES SACÍA SUA FOME
NAS RUAS ENCONTRA SEU ABRIGO
DE MÃOS ENRUGADAS PELO TEMPO
ESTENDIDAS POR UMA ESMOLA
VEM PEDINDO UM PEDÁÇO DE PÃO
COMO DE CARINHO SE TRATASSE
NAS NOITES CHUVOSAS E FRIAS
NÃO TEM ONDE SE ABRIGAR
TEM POR ÚNICAS COMPANHIAS
SEUS TRAPOS TODOS MOLHADOS
QUE SEU CORPO VAI SECAR
COM OLHARES MUITO DISCRETOS
POR ELES VAMOS PASSANDO
POR ENTRE DENTES VAMOS DIZENDO
LÁ VEM O DESGRAÇADO...
PORQUE SERÁ QUE NUNCA REPARAMOS NAS PESSOAS SEM ABRIGO?
A SOCIEDADE È ASSIM TÃO EGOISTA?
LIZ,4 de Novembro 2004
10 comments:
Pois é Liz!... Foi esta a sociedade que construimos e que muito pouco temos feito para que algo mude. Vivemos rodeados pela indiferença, pelo igoísmo, perderam-de os valores mais elementares. Por isso mesmo, este teu texto tem um significado muito especial, é um grito de revolta contra a injustiça que muito te enobrece e dignifica. O MEU APLAUSO!
Fica com um beijo
olá Liz, nesta minha visita (há muito devida) fiquei surpresa com a tua sensibilidade, não a percas. beijinho e bom fim-de-semana.
Só alguem como tu e com um coração como o teu podia ter escrito isto, por tudo isto eu sinto este orgulho e amor por ti ...
(ps. já estou com saudades)
Não percas essa sensibilidade que tens. É lindo o poema.
Ontem tentei comentar mas não consegui aceder.
Beijinho e bom resto de domingo.
Lindíssimo poema!bjs
O teu poema é-me incómodo.
Porque eu também já não reparo neles.
Olho, mas não vejo, não faço nada.
Mas se o fizesse seria por mim apenas, porque tenho consciência de que não resolveria o problema, que é profundo e depende, em última análise, de políticas que minimizem, pelo menos, tamanha vergonha humana, a nossa vergonha.
Um beijo.
Uma boa semana Liz. Beijinhos
Beijinho e bom fim de semana
o peido esteve aki a contaminar o teu blog :p anda-te peidar no meu
Porque nunca reparamos? Porque nos envergonhamos do nosso ter sem repartir, dos nossos governantes que tao mal tratam os menos afortunados.
Escusado será dizer que adorei essa homenagem em forma de poema que fazes aos sem abrigo.
Isso sim, é natal.
Beijo
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